Editorial

Educação, esperança e desesperança

O leitor do Diário Popular se depara com duas matérias que destoam uma da outra em termos de expectativa, de razão e circunstância. Na alma mesmo. Na página 3, Victoria Fonseca traz os dados estarrecedores que mostram o abandono escolar acima da média em Pelotas e destrincha algumas das hipóteses por trás disso. Seguindo a leitura, na página 12, João Pedro Goulart traz o otimismo e a ansiedade de quem se prepara para prestar o primeiro dia de Enem neste domingo.

O que proporciona ambos cenários? É possível avaliar que, para alguns, há pouca perspectiva através da educação. Não veem um futuro na sala de aula. Muitas famílias - em especial as carentes - têm a urgência de alocar adolescentes no mercado de trabalho para suprir necessidades de primeira hora. É uma situação difícil de aceitar, mas compreensível ao se analisar essas dores. Os outros motivos são mais assustadores. A negligência familiar é a condenação do futuro de uma criança pela má vontade de adultos. O outro, o desinteresse, vai ao encontro de um mundo em constante mutação que pouco foi acompanhado pela sala de aula. Com respostas prontas na palma da mão, muitos acham entediante ter que ler um livro inteiro, ouvir um ano todo de aulas, para saber. Qual a necessidade do saber, quando a solução para questões está a um clique de distância? É um pensamento absurdo, mas que parece crescer e acender um alerta para aulas mais dinâmicas e voltadas às novas cabecinhas digitais que chegam nas classes.

Do outro lado, há quem ainda veja na educação a esperança de um futuro. Os jovens entrevistados pelo DP enquanto se preparam para o Enem demonstram a expectativa de construir uma carreira, de adquirir conhecimento e de ir atrás de sonhos. Felizmente, algumas coisas ainda persistem. Não podemos deixar a desesperança afetar o nosso futuro.

Em um País que quer deixar de ser promessa de "o País do futuro", a educação deve ser sempre o caminho. Que sejam tomadas logo atitudes contra o abandono escolar, que tornem a escola mais interessante e que permita às famílias manter seus filhos estudando. E que, também, valorize quem estudou com carreiras que paguem decentemente e com respeito aos profissionais de cada área e suas especialidades. Se bem que, pedir isso tudo hoje, soa quase como utopia.


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